Reflexões sobre o Pecado Original e a Liberdade Humana

Reflexões sobre o Pecado Original e a Liberdade Humana

Para nós, cristãos, é essencial que Deus tenha criado o mundo por amor. Mas também é crucial o modo como a humanidade lida com isso. Deus criou tudo para que fosse «bom» (GN 1,25). Mas essa não é a nossa experiência do mundo atual! Luta, violência, guerra, fome: se olhar à sua volta, você vai ver que o mundo está cheio de sofrimento e de mal.

Uma liberdade pesada

Há mal no mundo, porque Deus nos deu o livre-arbítrio. Podemos escolher conscientemente por Deus ou contra Ele. Só pode amar alguém quem for livre para escolher quem amar. Naturalmente, Deus espera que nós escolhamos amá-lo. Foi para isto que Ele nos criou! Mas porque somos livres, também podemos rejeitar Deus, e isso é o pecado. Pelo nosso pecado separamo-nos de Deus. Na nossa fraqueza, somos tentados a abusar da nossa liberdade e a negar Deus, escolhendo contra Ele. Mesmo que não queiramos pecar, muitas vezes o mal é demasiado apelativo. Como consequência do pecado original, somos facilmente tentados.

O fruto e a serpente

A história de Adão e Eva fala sobre a origem do pecado original. Eles foram tentados pelo mal (GN 3), apesar de saberem muito bem o que Deus queria. Ele foi muito claro: havia uma árvore da qual eles não podiam comer o fruto, caso contrário morreriam (GN 3,3). Apenas uma árvore proibida em todo o paraíso, com tantas outras árvores! No entanto, Adão e Eva ouviram uma voz má, que na Bíblia é retratada como uma serpente. A voz prometeu-lhes que se tornariam como Deus, conhecendo o bem e o mal, mas só se comessem o fruto proibido (GN 3,5). Esta última parte, pelo menos, era verdade: pouco depois, eles aprenderam sobre o bem e o mal. Depois de desobedecerem à ordem de Deus, Adão e Eva não ousavam mais olhar para Deus e esconderam-se d’Ele (GN 3,8). Tinham vergonha da sua nudez e vestiram-se com folhas de figueira (como o casal é muitas vezes representado na arte) (GN 3,7). Eles esconderam-se de Deus. Assim, mantiveram a distância de quem realmente os amou e os tinha criado. Esta é “a queda no pecado”, que distanciou Deus do ser humano. O Livro do Gênesis mostra como, com Adão e Eva, o ser humano pecou pela primeira vez e como o pecado entrou no mundo.

Um poema divino

A história de Adão e Eva diz-nos muito sobre Deus e sobre a condição humana, de forma poética. Esta história revelada comunica de uma forma simbólica coisas que realmente aconteceram. A primeira desobediência da humanidade, quando o pecado entrou no mundo, é, ao mesmo tempo, um fato e uma lição importante para as pessoas de todas as épocas. A história lança muita luz sobre a situação em que nos encontramos agora. Deus quer mostrar-nos quão importante é escolher segui-lo. Ele também quer que livremente respeitemos os limites que Ele nos dá. A queda, o pecado pessoal dos primeiros humanos, rompeu a beleza da criação. Com a queda, a morte entrou igualmente no mundo. A partir desse momento, todos os humanos estavam destinados a morrer, o que não estava originalmente no plano de Deus. No entanto, com o nascimento de Jesus, Deus mudou essa situação de novo, para sempre.

O que é o pecado original?

Pode-se dizer que nascemos numa “história do mal”, de pecados pessoais cometidos por aqueles que vieram antes de nós. Infelizmente, cada geração passa muitos problemas para a próxima geração. O pecado original não é o mesmo que estes pecados pessoais. O pecado original é a perda da «santidade e da justiça originais» através do primeiro pecado. Este primeiro pecado foi cometido por Adão, que livremente escolheu desobedecer a Deus (GN 3). Por causa do pecado original, a natureza humana está “ferida” e destroçada. A humanidade já não é perfeita como foi na criação, porque a nossa relação com Deus foi quebrada. Desde o pecado original e da queda do ser humano, todas as pessoas estão enfraquecidas e cometem erros; estamos sujeitos à ignorância e ao sofrimento. Ninguém está sem pecado, e todos devemos morrer em algum momento. No entanto, o Batismo lava tanto o pecado original como todos os nossos próprios pecados. O que resta depois do Batismo é uma certa tendência para o mal (concupiscência): desde a queda do homem, somos fracos e rapidamente escolhemos o mal e o pecado. Assim, uma e outra vez, precisamos do perdão de Deus, que Ele tem o prazer de dar àqueles que honestamente o pedem no sacramento da Reconciliação.